Santa Catarina precisa de um choque de inovação também na educação. Os bons caminhos escolhidos nas décadas anteriores pelas grandes figuras públicas que lideraram o nosso Estado nos trouxeram até aqui, até o topo dos rankings de qualidade de ensino público no Brasil. É crucial que mantenhamos essa liderança formando jovens preparados para os desafios do futuro. Nos processos de atração de investimentos estrangeiros que liderei quando fui secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), um dos grandes ativos de Santa Catarina era justamente a presença de profissionais qualificados. Se perdermos essas vantagens, teremos que superar maiores desafios na hora de trazer para cá investidores com altos níveis de exigência, como a BMW.
O modelo tradicional de ensino já demonstra sinais claros de esgotamento. É um reflexo das mudanças que as novas tecnologias estão trazendo para o nosso dia a dia. A escola não pode ignorar por completo essas grandes mudanças no comportamento social. Na educação do futuro, o professor terá reforçado o seu o papel de incentivador do pensamento crítico e a criatividade dos alunos, haverá uma maior interdisciplinaridade e mais experimentação prática pelos estudantes. Adaptações serão exigidas de todos: Estado, escolas, professores, alunos e até os pais. Como as novas tecnologias avançam cada vez mais, precisamos estar preparados, especialmente os mais jovens, seja para o mercado de trabalho, seja para o uso de novos serviços e produtos no cotidiano.
O grande desafio do gestor público é fazer com que a educação do futuro chegue a todos os estudantes. Escolas particulares dispõem de recursos próprios para investir em infraestrutura e metodologias diferenciadas. Mas como ficam os estudantes da educação pública? O ecossistema de inovação de Santa Catarina abriga edtechs – aquelas startups que desenvolvem soluções para a educação – reconhecidas nacionalmente e capazes de ajudar o setor público a avançar. As parcerias público-privadas e o estímulo correto do poder público são o caminho.
Na minha passagem pelo Governo do Estado ficou claro que toda a estrutura governamental deveria estar mais conectada à formação de qualidade das crianças e dos jovens. Toda Secretaria deveria ter um pouco de Secretaria da Educação. Coloquei em prática esse pensamento quando liderei a equipe da SDS em uma parceria inédita com a Secretaria da Educação e o Centro Educacional Marista Lúcia Mayvorne, de Florianópolis, para o desenvolvimento do projeto-piloto chamado Educação TEC. Este piloto tinha como foco atividades ligadas à sustentabilidade. Os pontos fortes eram a interdisciplinaridade, a adoção do design thinking na educação e o estímulo ao pensamento criativo e à experimentação (em uma sala de prototipação, os alunos poderiam testar suas ideias). Outras duas experiências que replicamos com sucesso aqui na Foz do Itajaí foram o projeto ‘Programando o Futuro’, para estimular a criatividade e o raciocínio lógico em crianças, introduzindo os fundamentos das linguagens de programação, e o ‘Geração TEC’, uma iniciativa de capacitação para o mercado de tecnologias para os jovens e adultos.
Estes exemplos estão entre as tendências da educação hoje. Há outros caminhos a serem explorados, como a expansão da Educação Profissional e Tecnológica, a preparação dos jovens para que atualizem constantemente, o chamado lifelong learning, além de outras tantas micro e macrotendências. Regiões organizadas, como a Amfri, já contam com estruturas capazes de desenvolver ações locais que promovam a inovação na forma de educar. Há espaço para avançar localmente dentro das definições nacionais de ensino. É um debate urgente para pularmos o Brasil e alcançar a educação do futuro.
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